30 de novembro de 2008

Um terço dos portugueses faz formação contínua

Na escola para progredir nos estudos, em cursos profissionais, em seminários ou em acções de reciclagem, três em cada dez portugueses dizem ter realizado alguma tarefa formativa nos últimos 12 meses. E os que o fizeram ao nível da educação não formal gastaram menos de quatro dias. Profissionais mais qualificados são os mais participativos Três em cada dez pessoas participaram em acções de formação em 2007, revela o Inquérito à Educação e Formação de Adultos, do Instituto Nacional de Estatística (INE)... (continua; DN - hoje)

Líder do Conselho de Escolas diz que avaliação será realidade

Álvaro dos Santos contraria moção aprovada que pedia a suspensão do processo. Presidentes de Conselhos Executivos receiam que Simplex crie ainda mais dúvidas"Há professores que querem ser avaliados e temos de garantir que isso é feito. Penso que o processo de avaliação será uma realidade ainda este ano lectivo."... (continua; DN - hoje)

29 de novembro de 2008

Prós e Contras

A utilidade do programa Prós e Contras da RTP é inegável. O último foi acerca da Avaliação dos Professores.
Continua-se a falar a dois níveis: a FENPROF sobre a ideologia do modelo e o Ministério sobre a sua operacionalização.
Considero, sinceramente, que há total legitimidade dos professores em continuarem a lutar por algumas matérias, como são os casos da formação dos professores avaliadores, mas isso não lhes dá razão para continuarem a não cumprir a Lei num Estado de Direito, porque isso é um “truque” que não pode provocar um precedente.
Vi, uma vez mais, a esmagadora maioria dos professores a não conseguirem falar da lei em si, da sua aplicação, dos detalhes da lei, das suas eventuais dificuldades de implementação, dando a entender que só ouviram os discursos generalistas de Mário Nogueira nos telejornais e que não a conhecem. Este último esteve bem comportado. E disse, pressionado a responder, que estava disposto a negociar sem chantagens. Na manifestação do dia seguinte afirma que só avançavam para a negociação se o processo actual for suspenso. Afinal, em que ficamos?
Um professor de Filosofia, que parecia todo modernaço, diz “tretas” praqui, “tretas” prali e a cereja em cima do bolo foi quando afirmou, sapientemente: “Estão a valorizar as TIC, isso são tretas. Se eu utilizar as TIC estou a dar cabo de uma aula!”.
Houve também uma professora que falou em chantagens que os professores que aceitavam a avaliação eram alvos quando lhes dizem na Escola: “Não me digas que és a favor deste modelo de avaliação?!”.
Na manifestação do dia seguinte ao programa, fizeram uma entrevista em directo a uma professora na manif que explicou a grande razão pela qual estava a lutar. Passo a citar: “este é um modelo castrador de criatividade”. E mais não digo...

Penso que o bom senso tem de imperar e que a manutenção deste modelo iria servir, nada mais nada menos (porque este ano já não tem repercussão na progressão das carreiras ou nas candidaturas), para procurar sanar as eventuais restantes dificuldades. Por seu turno, os professores têm de conseguir explicar (melhor) aos portugueses interessados e inteligentes porque estão contra, porque caso contrário…

21 de novembro de 2008

Avaliação dos Professores

Os professores são um corpo especial, uma classe profissional altamente heterogénea, num país com escolas muito diferentes e com uma complexa gama de propostas de percursos escolares. Por isso é que os professores não são contemplados pelo Sistema Integrado de Avaliação da Administração Pública (SIADAP). Com efeito, não é certamente fácil construir um regimento para avaliação dos professores. Por outro lado, é dever de um grupo ministerial especializado fazê-lo sem erros técnicos e com conhecimento cabal do mundo real das escolas.
É evidente que as reformas são mais difíceis de concretizar e, por vezes, tornam-se injustas, quando a maioria dos seus destinatários está contra. Mas vamos imaginar que, agora, sempre que há vontade de criar uma legislação para determinada classe profissional, particularmente na Educação, os destinatários já sabem o truque: não cumprir a lei. Isto é perigoso. Tem que se encontrar um ponto de equilíbrio e os partidos políticos que se associem à FENPROF têm de justificar bem a sua posição. Neste momento é importante que ninguém extreme posições, nem o Ministério, nem os parceiros educativos. O bom senso tem de imperar e se a FENPROF abandona outra reunião ou só falar se houver uma proposta de suspensão não sei se representará os professores e assim realmente não vale a pena ser chamada de “parceiro”… Mário Nogueira, militante comunista de referência, que conheci bem e com quem trabalhei no associativismo académico, é um manipulador nato e os seus jogos de palavras são suficientemente argutos para mobilizar. Penso que tem demonstrado um comportamento excessivamente arrogante e até mal-educado em determinadas ocasiões. O Ministério também não terá sido feliz na forma como reagiu a algumas manifestações.

Por seu turno, o objectivo dos partidos que imitam o discurso da FENPROF é óbvio: provocar consequências na imagem do governo por razões eleitoralistas. É claro como água, pelo menos por parte do PSD que tem muitos militantes a favor das políticas deste Ministério da Educação. É preciso conhecer as propostas ou os modelos concretos que os partidos defendem. Não basta contestar, com ideias muito, muito vagas. Nunca lhes ouvi um discurso com propostas de alteração ao que consideravam errado na Lei, pois é mais fácil dizer “há outros modelos”, “nem que seja piores, mas há outros”, como há dias deixou escapar Manuela Ferreira Leite.

Na minha opinião, a Lei não pode ter um carácter exclusivamente formativo e não ter implicação na progressão e nas candidaturas. A FENPROF sugere que caso um professor tenha um Insuficiente não progrida na carreira, mas quando voltar a ter uma avaliação que lhe permita progredir, recupera, automaticamente, os anos que não progrediu por avaliação insuficiente. Ora, isto é estupidamente injusto e serve muito pouco o ensino. E, já agora, ao contrário da FENPROF, concordo com a observação das aulas, com a implementação de quotas para as melhores classificações, com a atenção à assiduidade, com o contemplar de aulas assistidas na avaliação (as mínimas possíveis), etc.

Os pais que estão contra, é pela simples razão de que querem paz nas escolas, não é porque concordam com a FENPROF. Julgo que a esmagadora maioria é naturalmente favorável à avaliação, até porque muitos são avaliados no seu trabalho e querem que os educadores dos seus filhos também o sejam, o mais rápido possível…

É claro que a proposta governamental tinha problemas, vou tentar mostrar o meu ponto de vista sobre alguns:

Problema A: excessiva complexidade das fichas, carga burocrática e tempo exigido para a avaliação.
Contexto: Se tivermos em consideração a quantidade e complexidade de mecanismos e procedimentos a despoletar (observações, entrevistas, reuniões...) há/havia uma despropositada carga burocrática. A pressão que se exerceria sobre os professores, em particular nos momentos em que se desencadeia o processo de atribuição das classificações, seria um relevante factor de instabilidade, com reflexos na sua prática lectiva, bem como em todas as restantes tarefas que fazem parte das suas funções; os docentes avaliadores, seriam ainda mais pressionados, pois enquanto avaliam estão, igualmente, a ser avaliados e, simultaneamente, continuariam a ter de desenvolver toda a actividade lectiva e não lectiva que lhes está atribuída, inclusive os presidentes dos conselhos executivos. Reuniões para a fixação de objectivos de avaliação, aulas assistidas, registos anuais, acções de formação, preenchimento de fichas, entrevistas individuais, decisão sobre a aplicação das "cotas" são alguns dos procedimentos que deixariam pouco espaço para uma prática lectiva com a qualidade que se exige. Isto tudo, até porque os procedimentos classificativos têm um calendário apertado.
O modelo de avaliação reveste-se de enorme complexidade e é objecto de leituras por vezes difusas há ainda falta de informação cabal e inequívoca às perguntas que vão, naturalmente, aparecendo; Aliás, a Ministra admitiu que ouve erros técnicos na elaboração da lei. Os itens constantes das fichas têm de ser simplificados, até porque alguns não são passíveis de serem preenchidos.
Medidas apresentada pelo Ministério:
Rever e simplificar as fichas de avaliação e auto-avaliação, bem como os instrumentos de registo;
Dispensar as reuniões entre avaliadores e avaliados em caso de acordo tácito (quer sobre os objectivos individuais, quer sobre a classificação proposta);
A observação de aulas fica dependente de requerimento dos interessados e é condição necessária para a obtenção da classificação de Muito Bom ou Excelente;
Reduzir de três para duas o número mínimo de aulas a observar, ficando a terceira dependente de requerimento do professor avaliado;
Simplificar o regime de avaliação dos professores avaliadores e compensar nos respectivos horários a sua sobrecarga de trabalho.

Problema B: avaliadores que avaliam professores de outras áreas curriculares
Medida do Ministério: Garantir que os professores são avaliados por avaliadores da mesma área disciplinar.

Problema C: usar resultados de alunos e taxas de abandono na avaliação
Contexto: discordava também da utilização dos resultados dos alunos e o abandono escolar como itens de avaliação pela simples razão de que são indicadores injustos para escolas em meios mais desfavorecidos. As fórmulas previstas para minimizar este cenário (ter em consideração as notas do ano transacto, as notas às outras disciplinas, etc), minimizam, mas não eliminam este potencial cenário de desfavorecimento. Porque, caso contrário, se vivêssemos num país igual em todo o lado, também seria a favor de contabilizar este item para efeitos da avaliação.
Medida do Ministério: Dispensar, neste ano lectivo, o critério dos resultados escolares e das taxas de abandono, tal como recomendado pelo Conselho Científico da Avaliação dos Professores.

Por fim, não podemos dizer que este Ministério não ouve e não recua, acho que está mais que provado que isso é falso. Mais, está, no cômputo geral, a fazer um bom trabalho em várias áreas e não é fácil aparecer um Ministério da Educação que percebe sobre algumas coisas que a nossa Educação precisa. Houve, com este Ministério, uma diminuição da taxa de saída precoce no Ensino Secundário e da taxa de retenção no Ensino Secundário e no Ensino Básico; o número de alunos em cursos profissionais públicos quase que quadruplicou, representando quase 40% do total da oferta; 500.000 pessoas inscreveram-se voluntariamente no Programa Novas Oportunidades; houve um aumento histórico do número de alunos no Ensino Secundário e no Ensino Superior; houve um o aumento da oferta de Cursos de Especialização Tecnológica no Ensino Superior ou o reforço do número de alunos com mais de 23 anos; criaram-se as Actividades de Enriquecimento Curricular no Ensino Básico; ofereceram-se computadores a baixo preço para todos os estudantes; houve um reforço do apoio no abono de família; houve descontos de 50% nos transportes públicos para os estudantes, etc, etc…
Era importante que este trabalho não se “perdesse”, por causa da avaliação dos professores…

19 de novembro de 2008

Democracia? Suspenda-se

(continuação do meu post de 10 de Novembro)
"Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia [pausa]. Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se [pausa]. E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia."

Este tipo de discurso e respectivas desculpabilizações, digo, releituras faz-me lembrar a forma como insultamos o “outro” de forma velada, em tom irónico-humorístico e depois dizemos: “Desculpa(e), foi a brincar…!!”. Penso que era mais fácil para o PSD dizer que a frase tinha sido infeliz do que andar a tentar arranjar desculpas. Até porque quem vê na televisão as declarações de Manuela Ferreira Leite não vê nela ponta de ironia. Ela quis dizer exactamente o que disse, sem resquício de ironia. MFL, como habitualmente, só não percebeu o alcance das suas palavras. Oiçam bem... Depois vejam a atrapalhação para dar a volta quando percebeu o que tinha dito...

Se estiver errado e “a coisa” foi dita de modo irónico, os assessores e amigos chegados de MFL que lhe peçam para nunca mais tentar ironizar. A sua permanente cara-de-pau fez com que se lhe colasse a imagem de alguém incapaz de manipular as regras do humor. As palavras de MFL são, convenhamos, com ironia ou sem ironia, manifestamente infelizes.

Mas MFL disse também “Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia”. É aquilo que tenho vindo a defender sobre MFL – o programa política do PSD é fazer nada. Eu de facto não encontro explicação para quem ainda acredita que com MFL o país pode vir a melhorar. Em apenas uma semana, a senhora voltou a mostrar quem é. Primeiro foi o apetite pelo controlo dos alinhamentos dos jornais televisivos; ontem foi a história da pausa democrática. Vão ver que ainda há-de sair algo do género: «Aos blogues não devia ser permitida a escolha dos posts que vão publicar».

17 de novembro de 2008

Lutas da Escola

Para já, antes de postar um comentário mais elaborado sobre a Avaliação Docente, devo dizer que considero importantes para o Ministério as reuniões que têm decorrido com os Conselhos Executivos e aguardo por consequências... Quanto às reivindicações dos alunos... que saudades do tempo em que se lutava por mais acção social escolar, por melhores condições infra-estruturais nas escolas e que pena que não se lute hoje por manuais escolares mais baratos (por exemplo, adoptando sistemas de empréstimos)... Hoje, apresentam-lhes deveres (como faltar menos) e saem à rua, enfim... Concordo, no entanto, com as reivindicações alusivas á Educação Sexual.

14 de novembro de 2008

Últimas pérolas de Manuela Ferreira Leite


1ª pérola - “Não pode ser só a comunicação social a seleccionar o que se diz”
2ª pérola - “Enquanto o sistema de justiça não for eficaz, o polícia faz figura de palhaço; o polícia prende e o tribunal solta”
Reacções do…. PSD:
Mira Amaral: “quem não sabe ou não quer passar a sua mensagem nos media é melhor não se candidatar a cargos de liderança partidária, é melhor ficar-se pelos gabinetes…”
Ângelo Correia: “Não acredito que a senhora tenha dito isso. É seguramente falso que a presidente do PSD tenha proferido semelhantes declarações.”

13 de novembro de 2008

O regime na Madeira

Agora todos os professores levam um "Bom", medida tomada administrativamente por Alberto João Jardim. Sim senhor, os madeirenses devem estar orgulhosos de terem só professores Bons. Será provavelmente o melhor sítio do país, quiçá do mundo, para enviar as nossas crianças, de forma a terem uma qualidade de ensino que não têm em mais lado nenhum.

12 de novembro de 2008

"o presidente de todos os portugueses"

Cavaco Silva tinha-se mantido caladinho que nem um rato sobre a suspensão de um deputado na Assembleia Regional da Madeira, até que, pressionado, abre a boca para dizer: “a situação na Madeira tende para a normalidade”. Sobre os Açores fala, fala, veta, até interrompe as férias para ler comunicados no início dos telejornais e não manda o representante da República na Região falar por ele…

10 de novembro de 2008

Suspenda-se


O PSD tem feito muito nas últimas semanas para explicar aos portugueses o seu programa político para Portugal. E uma coisa temos que reconhecer: é um todo muito coerente. Vejamos:
O investimento público que recorra ao crédito? Suspenda-se.
O aumento do salário mínimo acordado na concertação social? Suspenda-se.
A avaliação de professores? Suspenda-se.
(post do País Relativo)

7 de novembro de 2008

No comments...

6 de novembro de 2008

Pedalar na Bélgica

A Bélgica, afinal, não é amorfa e desinteressante como julgava. Visitei apenas algumas cidades de referência: Bruxelas, Brugge e Gent têm o seu charme, mas ainda me falta, por exemplo, Antuérpia. Viajar é definitivamente viver a sério. Aprendi mais um estilo de vida: está frio, mas ninguém anda com gripe, apesar das radicais mudanças de temperatura do interior dos edifícios para o exterior… há sempre um cabide na casa de banho para pousar os casacos e também não se vê a luz do sol a rasgar o tecto de nuvens cinzentas, e com efeito, gastam mais dinheiro em electricidade (aquecimento e luz); as ruas e as pessoas falam várias línguas e são simpáticas e objectivas a dar indicações; as catedrais, palácio real ou da justiça são sempre construções sumptuosas; a Grand Place - património da humanidade - é grandiosa e à sua volta há intensa actividade turística; há muitos chocolates; os cafés e restaurantes são interessantes do ponto de vista do seu tradicional requinte arquitectónico; as casas típicas têm várias cores, com telhados bastante inclinados e muito tijolo; as ruas estão ordenadas de forma a haver espaço para charretes de cavalos circularem; nos canais passeiam os barcos; Bruxelas combina bem a modernidade com a tradição mas é, diga-se também, uma cidade com demasiado lixo acumulado…

Saliento sobretudo um hábito que decorre das políticas de ordenamento urbanístico, ambientais e turísticas: o uso das bicicletas. Os percursos urbanos para ciclistas rareiam em Portugal. Há cidades com condições para adoptar um modelo de vida que favorece a despoluição, o fluxo do tráfego, o charme das cidades, a diversificação de serviços turísticos e até a condição física do transeunte ou do condutor de veículos a motor. Os ciclistas urbanos são muito respeitados nas ruas das cidades belgas e as bicicletas são…mesmo muitas. Informaram-me que ao contrário do que acontece na China, continuam a aumentar. Julgo que a AR e o Governo podiam interessar-se a sério e produzir medidas de apoio à construção de ciclovias, particularmente nas cidades.

A giant step for mankind

Estive uns dias em Bruxelas e não tive sempre a oportunidade de deixar o meu post diário. Tenho muito para escrever, mas escolho começar por enaltecer um dia que vivi em Bruxelas que se tornou histórico para a humanidade. Fica aqui o vídeo do discurso (completo) de vitória de Barack Obama