26 de janeiro de 2009

Assisti novamente à tomada de posse do 44º presidente dos EUA. O país tem uma democracia, para o bem e para o mal, absolutamente fascinante. Desde mecanismos únicos de democracia participativa com os congressistas, senadores ou ao nível estatal à capacidade de mobilizar a população em torno de ideais, conservadores ou progressistas, como aconteceu com Obama. O novo presidente não vai alcançar tudo o que esperam dele, porém algo vai mudar e já começou com Guantanamo. A curto prazo, a durabilidade da crise económica, principalmente, e a continuidade do conflito crónico na faixa de Gaza dependerão, em grande medida, das opções políticas de Obama.
Estou expectante em relação à tão propalada preferência pelo multilateralismo, apesar do conceito ser suficientemente lato. Julgo que assistiremos a uma espécie de détènte ainda mais criativa que não ponha em causa a evidente liderança do país na ordem mundial. Constatação que considera todas as esferas do poder e apesar da emergência de novas potências estatais, regionais ou potenciais coligações. Obama não provocará guerras preeemptivas ou preventivas, mas a necessidade de manter o papel de liderança dos EUA não ficou de fora do discurso de tomada de posse. Serão os isqueiros de Obama, made in China, vendidos nas ruas do país o primeiro sinal visível do seu multilateralismo?

23 de janeiro de 2009

Justiça chinesa

A China é a grande “ameaça” ao mundo unipolar e esta potência que pretende mudar a Ordem Mundial acaba de condenar à morte mais uns quantos (caso do leite contaminado com melanina). Por um lado, desejamos um mundo multipolar e, por outro, instala-se o receio de que esta cultura que ofende os direitos humanos se alastre ou, no mínimo, não sofra crescentes pressões no sentido de se reformar.

22 de janeiro de 2009

A great step for mankind - parte II

Barack Obama já protagonizou alguns dos mais brilhantes discursos políticos de sempre. Ficarão na história aquele em que falou de racismo pela primeira vez na campanha eleitoral, aquele que fez em Berlim, a primeira vez que ganhou um estado, etc. O discurso de tomada de posse não foi particularmente fascinante, mas é importante não aumentar ainda mais as expectativas, pois os tempos não são fáceis. De qualquer modo, este dia foi histórico, isso é unânime. Yes, we can change!

7 de janeiro de 2009

Vamos lá aproveitar agora

Três horas de pausa na guerra na Faixa de Gaza - isto é brincar às preocupações humanitárias… Mais uma vez foram os Estados Unidos a inviabilizar uma posição do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por alegadamente responsabilizar demasiado Israel. E tudo continua, fase atrás de fase, com os mesmos de sempre a sofrerem bombardeamentos. Vamos lá aproveitar agora que estamos com uma crise mundial e o mundo impotente, preocupado com a crise, apesar de manifestações pontuais de quem não tem poder para intervir ou decidir o futuro da região em conflito.

2 de janeiro de 2009

O Presidente da República numa espécie de silly season

Quanto à mensagem de ano novo, julgo que foi normal, aludiu ao importante e sublinhou a necessidade de não nos abatermos neste momento de crise com repercussões na economia real.
Quanto ao resto, a importância que dou ao amuo sobre o Estatuto dos Açores é a seguinte:
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De qualquer modo, pela visibilidade que deram à situação, tenho a dizer o seguinte:
Os seus assessores, desta vez, aconselharam-no a não abrir os telejornais, pois isso dava muito nas vistas e poderia insinuar que outros assuntos da actualidade eram menos importantes... foram espertos... (mas o Presidente não abdicou de fazer uma intervenção de mais de 7 minutos)
Aborrecido, Cavaco usou uma linguagem excessivamente agressiva contra o Parlamento: a votação na Assembleia resulta de "interesses partidários de ocasião" que se sobrepuseram ao "superior interesse nacional", foram "razões meramente partidárias", o que o Parlamento fez é "absurdo"... A Assembleia, teoricamente, é a expressão máxima do interesse nacional e há figuras do Estado que devem ser mais moderadas quando não conseguem provar certas conspirações...
A ver vamos se o estatuto está ou não ferido de inconstitucionalidade, mas sinceramente não me parece relevante se o Presidente da República tem de auscultar (e sublinho, "auscultar") mais uma pessoa ou duas para dissolver uma Assembleia Legislativa Regional ou se a Assembleia Nacional não pode mudar qualquer disposição contra a vontade dos deputados regionais (parece-me que isso também é o aprofundamento da autonomia prevista na Constituição, mas como não sou constitucionalista...).