28 de junho de 2009

Um manifesto com prioridades

Surgiu recentemente um manifesto, subscrito por 51 economistas e cientistas sociais, que apela à necessidade do investimento público neste período de crise. O oposto será, portanto, cruzarmos os braços. Deixo aqui o Manifesto retirado de um blogue que aconselho, o Ladrões de Bicicletas:
Estamos a atravessar uma das mais severas crises económicas globais de sempre. Na sua origem está uma combinação letal de desigualdades, de especulação financeira, de mercados mal regulados e de escassa capacidade política. A contracção da procura é agora geral e o que parece racional para cada agente económico privado – como seja adiar investimentos porque o futuro é incerto, ou dificultar o acesso ao crédito, porque a confiança escasseia – tende a gerar um resultado global desastroso. (VER MAIS)

Guru na área da transformação organizacional aconselha Obama

Don Tapscott

Obama should look to Portugal on how to fix schools



President Obama already knows that the nation’s schools are failing a large number of young Americans. One-third of all students drop out before finishing high school. It’s a terrible record, and it’s even worse in inner city public schools, where only half of blacks and Hispanics graduate from school. This is not a legacy that would make anyone proud: More young Americans on a proportionate basis drop out of school today than at any other time in our history.

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23 de junho de 2009

PSD

18 de junho de 2009

Entrevista de José Sócrates

Estilos na entrevista:
- Ana Lourenço permitiu que o Primeiro-ministro explicasse as medidas, como todos exigiam, e conduziu uma entrevista como fazem na BBC, CNN, etc…
- José Sócrates não foi arrogante e estava muito bem preparado.

Conteúdos a salientar:
- O PM admitiu, e bem, que o processo de avaliação dos professores não correu bem e fez bem em lembrar como começou a tensão na Educação: os professores fizeram greve aos exames por se implementarem aulas de substituição – incrível…
- Dividiu bem dois períodos: 2005-2007 e 2007-2009. No primeiro, Portugal era o único país europeu com défice excessivo, no segundo está dentro da média da EU.
- Lembrou que em 2007, 133000 postos de trabalho (!) tinham sido criados.
- Opinou, calmamente, sobre o que separa os dois possíveis Primeiros-ministros: Sócrates defende a intervenção do Estado e os serviços públicos (Segurança Social, Saúde e Educação) e tem uma mentalidade mais aberta (ivg, divórcio…); Ferreira Leite apoia a privatização e é altamente conservadora (casamento/procriação; obras públicas/xenofobia).
Depois, o que o separa da outra esquerda é o facto de não abdicar de ter as contas do Estado em ordem.
- O combate à crise faz-se também com a aposta em áreas estratégicas (requalificação de escolas, aposta nas novas energias e alargamento da rede de banda larga).
- As obras de maior envergadura dão emprego e “oportunidades de negócio” às empresas. Em particular, a Alta Velocidade em Portugal “tem 15 anos” (!) e exibiu documentos da era Barroso. Explicou como esta aposta combate a periferização do país. Adiar tem custos - espero que todos entendam isto, nomeadamente no que respeita a devolver dinheiro à EU e as consequências do facto de nos tornarmos dos únicos países a desistir de investir na Alta Velocidade (ver post anterior).
- Portugal foi o primeiro país a combater a crise no sector automóvel.
- Exemplo paradigmático que refere a dimensão do apoio, alegadamente excessivo, do Governo português, aos bancos: na Irlanda apoiou-se com o equivalente a 267% do PIB do país; no Reino Unido com 82%; em Portugal com 14%...
- Se o BPP falir hoje, não afectará o conjunto. No início da crise a falência do BPN afectava, aliás, na mesma altura, não por acaso, foram nacionalizados sete outros bancos na Europa. Acresce a referência importante ao Lehman Brothers, que o governo americano deixou cair ingenuamente-erro decisivo para o colapso do sistema financeiro. Em relação ao BPN, explicou que apoia depositantes, mas não pode apoiar aqueles que o banco transformou em investidores, pois os contribuintes não devem pagar tudo. Tal situação seria um grave precedente, pois, a partir daí, o Estado Português teria de ajudar todos os investidores que perdessem dinheiro. Recordou que as falências do BPN e do BPP se devem a uma gestão irresponsável com suspeitas de graves actos criminosos.

10 de junho de 2009

Que futuro para a Europa?

Era necessário mudar a Europa e o equilíbrio de forças no Parlamento Europeu, como demonstra este vídeo/mensagem de campanha, muito bem conseguido pelo PSOE:

9 de junho de 2009

Xiitas derrotados

A coligação pró-ocidental, liderada por Saad Hariri, venceu as legislativas de ontem no Líbano, superando o movimento Hezbollah. Isso contribuirá para a paz na região e no mundo (afastando a possibilidade de apoio oficial a Teerão) ou para a sublevação das milícias capazes de esmagar o exército nacional? Julgo que, em parte, dependerá da solução de Governo que se irá apresentar. De qualquer modo, nunca será fácil. Esta é uma região e, particularmente, um Estado, cujos cidadãos, das várias gerações, só conhecem o permanente estado de guerra.

8 de junho de 2009

PSD eufórico com a vitória esmagadora da abstenção. E o futuro?

A derrota do PSD+CDS/PP em 2004 acabou por ser mais grave: na altura, o PS teve mais 4 mandatos, hoje PSD+CDS/PP têm mais 3 que o PS. A vitória do PSD foi alcançada com uma percentagem fraca e este partido está demasiado eufórico. A abstenção foi elevadíssima e os votos brancos aumentaram quase 100 por cento. Mas, claro, a derrota do PS foi surpreendente. Depois de uma campanha socialista mais mobilizadora e depois do PS apresentar uma lista de candidatos mais conhecidos do que os do PSD, as sondagens são todas contrariadas, quanto aos resultados do PS e do CDS/PP.
Em momentos de crise, a história repete-se: as forças extremistas/populistas, sobem ou resistem. Neste caso, as da CDU e do BE, já previstas, e a do CDS/PP, em Portugal, ou as de Berlusconi ou Sarkozy, etc. A maioria dos Governos em exercício são penalizados, como começou por acontecer nos EUA e aconteceu ontem por toda a Europa. No geral, infelizmente, não houve a percepção clara de que as receitas conducentes à crise tiveram origem num ideário de direita. Na crise, os partidos não possuem receitas eleitorais infalíveis, é tudo demasiado volátil.
Falou-se muito pouco da Europa. Lembro-me que Vital Moreira tentou colocar à discussão uma velha proposta, o imposto europeu, parecido com a taxa Tobin que o BE antes defendia, e desatou logo tudo aos gritos... Hoje só se referem às consequências caseiras dos resultados de ontem. Hoje ninguém fala da UE, um dos projectos mais extraordinários da história das nações, onde se consolidou a maioria da direita que trouxe a crise.
Acredito que as pessoas que não foram às urnas terão outra motivação quando estiver em causa a governabilidade de um país pobre, com falta de qualificação das pessoas e das organizações, com um Estado insuficiente. Será que os portugueses querem que Ferreira Leite represente Portugal? Será que os cidadãos portugueses quererão a esquerda comunista a fazer um segundo PREC?
Há uma missão do "povo de esquerda". Temos de compreender o fenómeno de fragmentação da esquerda que levou ao estado lastimoso, por exemplo, da esquerda francesa. Não podemos permitir o surgimento de uma paisagem política à francesa, com uma direita instalada e sem oposição. Opções à esquerda(?) - foram bloquistas que chamaram "traidor" a Vital na Manifestação de 1 de Maio, "traidor" por deixar de ser comunista...

4 de junho de 2009

Campanha errante

Ultimamente, ando muito viajado

1 de junho de 2009

Alta Velocidade

Hoje Paulo Portas disse “há quem diga TGV, TGV, TGV”, e concluiu, “nós dizemos Pequenas e Médias Empresas”. A verdade é que a Alta Velocidade (AV), entre outras coisas, serve, precisamente, para arranjar trabalho às empresas. Aliás, hoje também, Ilda Figueiredo visitou uma fábrica de manutenção de meios ferroviários e correu-lhe mal, pois ouviu um trabalhador dizer que ansiava pela chegada das linhas de AV a Portugal, para ter mais trabalho. É óbvio.
Sou adepto da Alta Velocidade por várias razões. Desde logo, não podemos ficar orgulhosamente sós, desligados da rede europeia de transportes, até porque as nossas linhas tornar-se-ão obsoletas, incompatíveis, para as ligações com Espanha.
O transporte dinamiza a mobilidade europeia de pessoas (empresários, turistas, massa cinzenta...) e de mercadorias. Permite Lisboa-Madrid (3h); Lisboa-Porto (1h15m) e, espero, Aveiro-Madrid (2h), favorecendo o crescimento económico e a coesão territorial europeia.
Claro que esta questão do investimento público é também ideológica. Eu não tenho preconceitos quanto ao investimento público, muito menos em obras estruturantes, benéficas para a fixação de plataformas logísticas, empresas e, com efeito, empregos, num momento em que precisamos do Estado para combater a crise e criar emprego, também qualificado, neste caso.
O exemplo da minha perspectiva, como aveirense: desejo que venha uma linha de Madrid até à estação prevista para o meu distrito. O porto de Aveiro tornar-se-ia fundamental para a Europa, particularmente para a Península Ibérica. E nas praias e lojas de Aveiro aumentarão a quantidade de espanhóis aos fim-de-semanas e no Verão.
No mundo desenvolvido é assim. Há dias, Barack Obama apresentou um projecto de 8 biliões de dólares para aplicar a AV num território dos EUA. É uma grande aposta da Nova Administração. Noutros países, como em França, as comunidades mobilizam-se em manifestações e petições para conseguir que a AV pare nas suas terras. Encontrei a de Auvergne, no outro dia, com o slogan “Le TGV en Auvergne cést possible”. Taywan liga pólos tecnológicas com AV, é uma forma de ligar clusters de inovação, de ligar regiões, cada qual, com a sua área de vanguarda.
Para além de tudo é um comboio amigo do ambiente, movido a energia mais sustentável e oferece viagens a várias horas do dia e mais baratas que um bilhete de avião.