6 de dezembro de 2008

Desilusão?

Este é um artigo de opinião de um militante do PS e, com efeito, dirão muitos, potencialmente tendencioso. De qualquer modo, é uma visão acerca do afastamento do Zé das listas do Bloco para Lisboa. Pessoalmente, tenho de admitir que esta atitude do BE foi para mim uma desilusão...

José Lello, hoje, no DN:

O Bloco de Esquerda despejou há pouco tempo um seu eleito que em tempos já fez muita falta. Dedicou-se demasiado a Lisboa e ao compromisso eleitoral que assumiu, e isso foi-lhe fatal. Afinal, o mandato não era do eleito, mas sim do partido! O curioso é que estes sinais de intolerância democrática são olhados por alguma esquerda bem-pensante com paternalismo, como se de mero exotismo se tratasse. O PCP pode invocar o marxismo, o leninismo, o centralismo, o regresso das nacionalizações e outros arcaísmos que ninguém liga, como se isso não tivesse significado. Mas se em relação ao PCP só não vê quem não quer ver, já o Bloco de Esquerda é uma espécie de ovni, isto é, um objecto ainda por identificar, com um líder que se perpetua e uma moldura ideológica radical mas furtiva, o que leva uma certa burguesia urbana e intelectual vagamente altermundialista, que cultiva o gosto pelo contra-poder, a rever-se no partido. Ora, quem se assume como contra-poder não pode ter cultura de poder, porque vive da contestação e da desconstrução das iniciativas de quem governa e também do ataque à integridade de pessoas, na boa herança do esquerdismo radical. (continua)

3 comentários:

Pudim disse...

José Sá Fernandes pretende, antes de mais, trabalhar por Lisboa. Não está ao serviço de qualquer tipo de estratégia de confrontação política ou de bloqueio continuado às forças de poder. E isso não interessa ao Bloco. O que é pena, pois perderam uma excelente oportunidade de mostrar que conseguem ser uma alternativa real para cargos executivos. Opção a julgar pelos eleitores nas próximas eleições autárquicas... aguardemos!

C Geria disse...

Esta notícia só revela o quão corrupto é o José Sá Fernandes. Depois da tentativa falhada de extorquir dinheiro á Bragaparques (se bem que ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão), mostra agora todo o seu lado interesseiro:de um vereador de oposição, passamos a ter um vereador de “situação” numa câmara – a mais importante do país – comandada pelo PS, a defender quase que incondicionalmente todas as suas iniciativas, da Praça das Flores à permanência da vereadora Ana Sara Brito no pelouro da Acção Social e ao alargamento do terminal de contentores de Alcântara, a cargo do grupo Mota-Engil, presidido por Jorge Coelho, ex-ministro das Obras Públicas de José Sócrates. Não tenho dúvidas que o futuro do Zé passará pelas listas do PS, ou de um cargo de chefia na Mota-Engil.

Bruno Julião disse...

Caro Geria,
esta Câmara de Lisboa já executou milhares de decisões boas (e nada polémicas) e, com efeito, teve, obviamente, muito mais coisas com que se preocupar do que apenas aquelas que citaste... José Sá Fernandes num cargo de chefia da Mota-Engil é uma previsão extraordinária.