24 de fevereiro de 2009

Claro...

Outra coisa não seria de esperar, mas é sempre importante deixar claro que tudo o que tem sido feito no apoio ao sistema bancário, aqui e noutros países, visa, essencialmente, proteger os depositantes e não a gestão arbitrária de fortunas pessoais.
"O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciou hoje, em declarações à RTP, que “a viabilidade do BPP não dependerá das decisões do Governo”. A tutela emitiu um comunicado onde explica que, a partir de agora, o Governo se vai excluir da promoção de uma solução para a gestão de carteiras de investimento da instituição por considerar que não deve utilizar “fundos públicos para solucionar um problema associado à gestão de fortunas pessoais”. Apesar disso, os depósitos estão assegurados, refere o ministério." - Público, 23/02 (ver mais)

1 comentário:

Anónimo disse...

A intervenção do estado na economia provoca a mais antiga divisão entre partidos de esquerda e direita: se os partidários de direita defendem quem deve ser o mercado com a sua mão invisível e definir aqueles que vingam e aqueles que cairão no esquecimento, já os partidários de esquerda defendem uma intervenção estatal profunda, muitas vezes capaz de manietar o próprio funcionamento da economia.
No caso da banca em particular a minha posição sobre este assunto assenta na necessidade de intervir de forma moderada e apenas nos casos em que o ganho social (mais do que económico) desta intervenção assim o exige. Se esta premissa ficou por demais evidente no caso BPN, banco com uma quota de mercado importante junto das PME e em especial no que a terminais de pagamento automático diz respeito, já no caso do BPP tal não acontece. E por quê?
• O sistema financeiro baseia-se na confiança e como tal a falência do BPN acarretaria não só perdas financeiras significativas para os seus clientes como teria importantes implicações na confiança geral que a população tem nas suas instituições bancárias. O BPP tinha os seus activos essencialmente em aplicações financeiras de risco, as quais os seus clientes, mais ou menos informados, subscreveram.
• Os segmentos de mercado para os quais estas instituições se encontravam direccionadas eram tendencialmente diferentes: os primeiros dirigiam-se a uma classe média com pequenas poupanças e/ou financiamentos para os fins mais diversos, já o BPP centrava-se numa restrita e endinheirada classe alta que aspirava ver crescer a sua fortuna pessoal. Como tal não faria sentido o povo prescindir do seu rendimento – na figura de imposto – para benefício exclusivo daqueles que já têm muito.
Com este anuncio o governo mostrou a sua tendência de esquerda moderada, intervindo de forma cirúrgica num momento em que é necessário restituir a confiança ao sector financeiro mas aplicando com o máximo critério dinheiro que é de todos e que tem de ser posto ao serviço de todos para beneficio da economia portuguesa.