29 de novembro de 2008

Prós e Contras

A utilidade do programa Prós e Contras da RTP é inegável. O último foi acerca da Avaliação dos Professores.
Continua-se a falar a dois níveis: a FENPROF sobre a ideologia do modelo e o Ministério sobre a sua operacionalização.
Considero, sinceramente, que há total legitimidade dos professores em continuarem a lutar por algumas matérias, como são os casos da formação dos professores avaliadores, mas isso não lhes dá razão para continuarem a não cumprir a Lei num Estado de Direito, porque isso é um “truque” que não pode provocar um precedente.
Vi, uma vez mais, a esmagadora maioria dos professores a não conseguirem falar da lei em si, da sua aplicação, dos detalhes da lei, das suas eventuais dificuldades de implementação, dando a entender que só ouviram os discursos generalistas de Mário Nogueira nos telejornais e que não a conhecem. Este último esteve bem comportado. E disse, pressionado a responder, que estava disposto a negociar sem chantagens. Na manifestação do dia seguinte afirma que só avançavam para a negociação se o processo actual for suspenso. Afinal, em que ficamos?
Um professor de Filosofia, que parecia todo modernaço, diz “tretas” praqui, “tretas” prali e a cereja em cima do bolo foi quando afirmou, sapientemente: “Estão a valorizar as TIC, isso são tretas. Se eu utilizar as TIC estou a dar cabo de uma aula!”.
Houve também uma professora que falou em chantagens que os professores que aceitavam a avaliação eram alvos quando lhes dizem na Escola: “Não me digas que és a favor deste modelo de avaliação?!”.
Na manifestação do dia seguinte ao programa, fizeram uma entrevista em directo a uma professora na manif que explicou a grande razão pela qual estava a lutar. Passo a citar: “este é um modelo castrador de criatividade”. E mais não digo...

Penso que o bom senso tem de imperar e que a manutenção deste modelo iria servir, nada mais nada menos (porque este ano já não tem repercussão na progressão das carreiras ou nas candidaturas), para procurar sanar as eventuais restantes dificuldades. Por seu turno, os professores têm de conseguir explicar (melhor) aos portugueses interessados e inteligentes porque estão contra, porque caso contrário…

1 comentário:

Pudim disse...

É absolutamente óbvio e inegável que os professores terão que fazer um muito melhor serviço a si mesmos perante as câmaras de televisão, se quiserem continuar a credibilizar a sua luta perante a opinião pública. Das últimas manifestações, ficou pouco nítida a diferença entre a opinião dos estudantes que preconizam o fim do estatuto do aluno "porque os jovens precisam de gozar os furos para se divertirem" e a dos professores que pouco mais exprimem do que o soundbyte que a avaliação é uma "treta". Enquanto professores, precisamos de compreender um bocadinho melhor as nossas necessidades enquanto classe, distinguindo-as da agenda pessoal de Mário Nogueira. Que está a conseguir um brilhante protagonismo à conta de milhares de professores surpreendentemente "arrebanhados". Espere-se por melhores dias para a classe... Para bem da nossa própria dignidade.