
Como professor, tenho, por vezes, necessidade de soltar um grito contra o maniqueísmo partidário dos sindicatos da CGTP. É verdade que a vida não vai fácil para os professores, principalmente para os professores jovens (e muitos destes apoiam as mudanças que se têm verificado), mas a grande maioria das acções deste Ministério são muito boas. O “problema” é que combatem um paradigma de mentalidades vigente há décadas que ajudava os professores a darem pulos automáticos na carreira com o avanço da idade. Mais, agora são menos sindicalistas que se podem escapar de dar aulas…
Para contribuir a sério para a discussão, enumero a seguir algumas preocupações que precisam de solução.
O insucesso e abandono escolar tem várias causas, entre as quais:- pouco uso dos percursos escolares de recuperação mais adequados à vocação ou às motivações dos alunos;
- a falta de abertura à comunidade envolvente;
- as estratégias pedagógicas adoptadas, no que diz respeito à sua diversificação, actualidade e utilidade;
- a vitalidade do sistema do ponto de vista dos seus recursos humanos, nomeadamente dos professores. A formação de qualidade destes recursos humanos é fundamental para o combate ao insucesso escolar (como tal devem-se evitar medidas como a Prova de Ingresso na Carreira Docente, direccionada para jovens professores, que só serve para envelhecer ainda mais o sistema de recursos humanos, um dos factores de atraso do nosso ensino).
- diminuir o número de alunos por turma e para efeitos de média não contabilizar, por exemplo, os Cursos de Educação e Formação que têm naturalmente menos alunos e fazer uma análise mais micro de algumas zonas para resolver o problema da sobrelotação de algumas turmas;
- apostar em mecanismos diferentes da reprovação que é uma medida que na maioria dos casos não resolve nada – há estudos que o confirmam;
- assegurar que a formação contínua não seja uma pseudo-formação;
- abordar mais os temas da autoridade e da indisciplina na formação contínua para que os professores se sintam mais preparados para gerir as turmas porque acho que são problemas que influenciam o sucesso escolar;
- universalizar o acesso a um pré-escolar que não se resuma a fazer as crianças passar o tempo.
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Proponho ainda as seguintes medidas:- instituir a obrigatoriedade da existência de um site por cada escola do ensino básico ao secundário;
- assegurar que as refeições nas Escolas são as mais saudáveis possíveis, de forma a implementar o mínimo de padrões alimentares que, por sua vez, tornem o serviço público da educação literalmente mais saudável e se evite a facilitação do aparecimento de distúrbios alimentares;
- defender a gratuitidade dos manuais escolares até ao 12º ano
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E para o Ensino Superior:- baixar o valor demasiado elevado das propinas;
- promover o reforço da Acção Social Escolar, com uma atenção redobrada ao segundo ciclo de formação;
- não abusar de “Bolonha” para multiplicar cursos de 2º ciclo economicamente inacessíveis ou que promovam a aquisição competências iguais às que são oferecidas por muitos cursos do primeiro ciclo;
- adaptação da bolsa dos programas de intercâmbio internacional ao custo de vida de cada país de destino, por forma a não haver à partida um factor de iniquidade no acesso a todas as instituições internacionais que porventura coarcte, por exemplo, o acesso dos alunos mais necessitados a algumas das mais reputadas universidades.
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