23 de setembro de 2008

Portugal pioneiro - Energia das ondas no sistema eléctrico nacional!

Hoje, inaugura-se em Aguçadoura, um equipamento que vai produzir electricidade para 1500 habitações. O grupo Enersis é o responsável. Estão prontas mais 27 máquinas Pelamis, somando 20 MW e, desta empresa, há projectos para mais 550 MW ao longo da costa.
Boas notícias:
- Portugal é o primeiro do mundo a testar esta energia e a pôr o equipamento Pelamis a funcionar no mar em regime pré-comercial;
- Parece que podemos vender esta energia a um mercado que vale 325 mil milhões de euros, quase duas vezes o actual PIB(!);
- Ajuda a substituir a nossa dependência dos combustíveis fósseis, é uma energia ambientalmente sustentável;
- Usamos os nossos recursos! Portugal é um país com uma costa extensa (a costa portuguesa tem potencial para a instalação de 5000 MW), historicamente ligado ao mar: o que nos dá condições de apostar na colocação de vários equipamentos e de os promover de forma criativa para vender a energia que produzem;
- Parece-me que uma sociedade gestora criada pela REN é obviamente a forma mais correcta de gerir este mercado - penso que é o que está pensado - como tal o projecto de lei tem de ser formalizado.
Por melhorar:
- Precisamos, obviamente de saber se estes projectos se reflectem na baixa de preços da electricidade;
- Ainda não parece ser um projecto com viabilidade (20% a 50% abaixo do limiar da viabilidade económica);
- Penso que o Governo tem de repensar as tarifas impostas de 245 euros por megawatt/hora, pois ainda são bastante elevadas…;
- A instalação dos equipamentos sofreu sucessivos atrasos. Temos de continuar a avançar rapidamente em força com a pesquisa e as tentativas de potenciar ainda mais a força das ondas e das correntes, pois entretanto muitos países já se interessaram por esta energia… Não há lugar para mais do que um pioneiro e têm de deixar de ser projectos pré-comerciais…; Não podemos esquecer todo o tipo de patentes que podem ir surgindo a partir do desenvolvimento tecnológico dos equipamentos (de acordo com o Centro de Energia das Ondas, existem cerca de 62 tecnologias disponíveis para o aproveitamento da energia das ondas) e continuar com as experiências já feitas no Pico, Aguçadoura, Peniche, etc… Por exemplo, (infelizmente) os equipamentos que hoje se “inauguram” têm tecnologia britânica… Sei que a EDP, a Babcok & Brown e a Efacec estabeleceram hoje uma parceria para o desenvolvimento de projectos experimentais…;
- O equipamento de hoje tem a capacidade para produzir apenas 2,25 megawatts, o equivalente a apenas um aerogerador de um parque eólico…Para já, parece pouco…;
- Depois dos muitos apoios às empresas das energias renováveis o governo também tem de as deixar atingir a maturidade sem tantos subsídios e eventualmente com outras medidas, por exemplo, de natureza fiscal...

Sou naturalmente optimista, Portugal está na vanguarda desta tecnologia pioneira, como aconteceu com a Dinamarca na década de 50, com a energia eólica, uma energia que, para já, mostrou ser mais rentável e que produz mais energia. Esperamos todos que estes investimentos tenham as consequências mais positivas para o país e para os consumidores.

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