29 de setembro de 2008

Fenprof pede reunião urgente para debater clima "muito negativo" nas escolas

Como professor, tenho, por vezes, necessidade de soltar um grito contra o maniqueísmo partidário dos sindicatos da CGTP. É verdade que a vida não vai fácil para os professores, principalmente para os professores jovens (e muitos destes apoiam as mudanças que se têm verificado), mas a grande maioria das acções deste Ministério são muito boas. O “problema” é que combatem um paradigma de mentalidades vigente há décadas que ajudava os professores a darem pulos automáticos na carreira com o avanço da idade. Mais, agora são menos sindicalistas que se podem escapar de dar aulas…
Para contribuir a sério para a discussão, enumero a seguir algumas preocupações que precisam de solução. O insucesso e abandono escolar tem várias causas, entre as quais:
- pouco uso dos percursos escolares de recuperação mais adequados à vocação ou às motivações dos alunos;
- a falta de abertura à comunidade envolvente;
- as estratégias pedagógicas adoptadas, no que diz respeito à sua diversificação, actualidade e utilidade;
- a vitalidade do sistema do ponto de vista dos seus recursos humanos, nomeadamente dos professores. A formação de qualidade destes recursos humanos é fundamental para o combate ao insucesso escolar (como tal devem-se evitar medidas como a Prova de Ingresso na Carreira Docente, direccionada para jovens professores, que só serve para envelhecer ainda mais o sistema de recursos humanos, um dos factores de atraso do nosso ensino).
- diminuir o número de alunos por turma e para efeitos de média não contabilizar, por exemplo, os Cursos de Educação e Formação que têm naturalmente menos alunos e fazer uma análise mais micro de algumas zonas para resolver o problema da sobrelotação de algumas turmas;
- apostar em mecanismos diferentes da reprovação que é uma medida que na maioria dos casos não resolve nada – há estudos que o confirmam;
- assegurar que a formação contínua não seja uma pseudo-formação;
- abordar mais os temas da autoridade e da indisciplina na formação contínua para que os professores se sintam mais preparados para gerir as turmas porque acho que são problemas que influenciam o sucesso escolar;
- universalizar o acesso a um pré-escolar que não se resuma a fazer as crianças passar o tempo.
(…)
Proponho ainda as seguintes medidas:
- instituir a obrigatoriedade da existência de um site por cada escola do ensino básico ao secundário;
- assegurar que as refeições nas Escolas são as mais saudáveis possíveis, de forma a implementar o mínimo de padrões alimentares que, por sua vez, tornem o serviço público da educação literalmente mais saudável e se evite a facilitação do aparecimento de distúrbios alimentares;
- defender a gratuitidade dos manuais escolares até ao 12º ano
(...)
E para o Ensino Superior:
- baixar o valor demasiado elevado das propinas;
- promover o reforço da Acção Social Escolar, com uma atenção redobrada ao segundo ciclo de formação;
- não abusar de “Bolonha” para multiplicar cursos de 2º ciclo economicamente inacessíveis ou que promovam a aquisição competências iguais às que são oferecidas por muitos cursos do primeiro ciclo;
- adaptação da bolsa dos programas de intercâmbio internacional ao custo de vida de cada país de destino, por forma a não haver à partida um factor de iniquidade no acesso a todas as instituições internacionais que porventura coarcte, por exemplo, o acesso dos alunos mais necessitados a algumas das mais reputadas universidades.
(...)

4 comentários:

Unknown disse...

Bruno, sou o Ângelo Valente, (aquele que se mostra interessado em tudo e que não participa em nada com muita pena...), só queria deixar aqui presente a minha admiração por ti, parabéns pelo feito de chegares à direcção da js nacional. E ja sabes, quando me arranjares trabalho aí, conta comigo para as tuas lutas...

Forte abraço! um fã...

Joana Pinto disse...

Parabéns Bruno!Eu não sabia que estavas filiado na JS, nem tão pouco sabia que integravas os órgãos executivos. És realmente um cidadão pro-activo, sempre foste!
Quanto ao conteúdo deste post não sei se fale como ex-professora ou como futura professora...Sei que muita coisa vai mal no ensino...
Li há muito pouco tempo A Pedagogia da Avestruz e realmente o ensino tornou-se triste...
Também sou contra o Exame de Admissão apenas para os mais jovens. A existir que seja então para todos!
Quanto aos outros itens tocas em autênticas feridas do sistema...Para mim a formação dos professores é a mais gritante...Os moldes teóricos e caducos dos cursos aliados aos estágios para "inglês" ver não podem nunca augurar bons e verdadeiros resultados...
É de louvar que às críticas alies sugestões e alternativas. Assim se faz boa política e se demonstra boa cidadania.

Bruno Julião disse...

Joana, obrigado pelo comentário. Estive sempre atento ao teu trabalho e inteligência, também devias andar nestas lides (ou já andas? :-) ).

Joana Pinto disse...

Pois, não ando...LOL
Pode ser que um dia...quem sabe.