18 de setembro de 2008

Investimentos e falências

A Repsol, a Auchan, a E.Leclerc, a Enercon, a Embraer ou até Richard Branson prosseguem a onda de investimentos estrangeiros em Portugal. Temos de admitir que o nosso país podia estar pior cotado neste período de crise do sistema financeiro mundial… Quanto a isso, penso que as relações entre Estado e Mercado vão mudando e acabar por se render a paradigmas mais progressistas. Os ultra-liberais avançam uma justificação deliciosa para este falhanço do mercado: não fomos/somos suficientemente liberais…

2 comentários:

Ouvido disse...

Li com muita atenção e interesse a maior parte dos teus posts e devo dizer que como sempre mantenho um saudável sentido crítico sobre algumas das tuas verdades absolutas. Pensei então, onde vou eu deixar o contributo para o blog deste amigo? Não tive dúvida, a melhor forma de reconhecer o valor do blog e do autor seria manifestar-me em matérias do foro económico . Por isso aqui vai, um raciocínio que tenta ser lógico. A crise económica dos nossos dias é reflexo de muitas variáveis em acção num mesmo tempo, em locais diferentes e de efeitos reversos. Parece-me demasiado simplista justificar qualquer crise desta dimensão, a mais abrangente de todos os tempos, com a escolha do modelo económico A ou B. A verdade é que não existe uma solução válida, isto é, se por um lado, qualquer um dos modelos económicos conhecidos mais extremistas parece um fardo demasiado pesado para as sociedades, uma solução intermédia apresenta-se como uma fuga para a frente onde não se sabe bem quando, nem onde se pode cair. Assim, o que vivemos hoje é a prova de que a economia de mercado funciona, a crise é o ajuste necessário para que o futuro seja mais promissor. A prova disso por ler-se na história das grandes crises mundiais. Depois da tempestade que vivemos ficará uma economia mais sã e com capacidade de criar bem estar para um maior número de pessoas. Se assim não for é porque nunca existiu uma verdadeira economia de mercado.

Bruno Julião disse...

Também não tive dúvidas em perceber que a melhor forma de reconhecer o inestimável valor do receoso anónimo (“Ouvido”) seria aclarar estas matérias do foro económico que vagamente ele tão bem domina.

No plano académico, aquilo que escrevi noutros posts podem ser consideradas características de um modelo económico, mas não me atrevo a baptizar as minhas ideias de “modelo económico”, há gente mais preparada. Só chamo a atenção para o facto de, ao contrário de mim, e apesar da crise provocada pela economia de mercado, com as características da actual, continuar a haver (com mais descrição, é certo) quem defenda ainda menos intervenção do Estado, a mesma (ou ainda menor) regulação dos mercados, a manutenção das off-shores, a socialização dos prejuízos, etc… As minhas ideias são opiniões convictas (e não “verdades absolutas”) de quem pode estar errado. Porventura o modelo actual pode funcionar com mais ética instalada? É que economia de mercado trouxe mais riqueza, mas tem de reconhecer que tem sido mal distribuída e como disse e bem “o que vivemos hoje é a prova de que a economia de mercado funciona”. Se bem entendi, o seu “modelo” é só… deixar andar. Precisamos de soluções concretas com efeitos a curto prazo, pois a Globalização acelerou a universalização da crise de HOJE… e, para já, apesar dos relativos bons sinais decorrentes das injecções que o sistema financeiro levou, não podemos prever as consequências, por exemplo, no desemprego em 2009…
Por fim, também acho que depois desta crise será possível, de várias prismas e a médio prazo, termos uma economia mais sã do que actual. Claro que tomando o rumo diferente do que alvitra.