23 de outubro de 2008

PROMULGAÇÃO INQUINADA

Post do Agua Lisa

"O Presidente da República tem as suas competências e poderes. Mas não é guia espiritual da Nação. Se Cavaco Silva tinha esse projecto, devia ter-se candidatado, como exemplos, a chefe dos escuteiros, comandante da Opus Dei ou diácono da Maçonaria. Não à Presidência da República.

Não faz sentido que Cavaco Silva tenha promulgado uma Lei da República emitindo simultaneamente uma nota de discordância relativamente a ela e tentando condicionar o critério da sua aplicação. Que Cavaco Silva era contra a nova Lei do Divórcio já se sabia, tanto que vetou a sua primeira versão e explicou as suas discordâncias. Promulgar agora e criticá-la é uma atitude ideológica que degrada o exercício das funções presidenciais. E, em certo sentido, é um abuso de poder. Assim, confirma-se que os atavismos culturais de Cavaco Silva, sedimentados num reaccionarismo mitigado mas persistente, aliados a uma pulsão autoritário-impositiva mal contida e muito mal enquadrada na função presidencial, constituem um factor que contribui para a má qualidade política em Portugal. Com Cavaco a caminhar para a situação peculiar, comparativamente aos seus antecessores, de, com a passagem do tempo, ir sendo o Presidente de cada vez menos portugueses."

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